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E se em um belo dia você decidisse pedir demissão do trabalho, interromper os estudos e sair com seu carro de passeio para gastar todas as economias com uma jornada sem destino e data para voltar?
Entrevistei o casal Carina e João do “Crônicas na Bagagem” e trouxe para vocês essa injeção de ânimo para quem está sonhando com essa vida na estrada.
Então borá cair nessa jornada:
1 – Como nasceu essa ideia de largar tudo e viajar de Sandero pela América?
A ideia do projeto surgiu em 2015, quando planejamos uma viagem de uma semana de férias até o Uruguai.
Pesquisando dicas de lugares para conhecer nos deparamos com alguns perfis de casais que “largaram tudo” para viajar e pensamos em um dia fazer o mesmo.
Nossa ideia não era ser um blog com dicas de viagem, mas sim com crônicas sobre nossas experiências. Foi assim que surgiu o nome “Crônicas na Bagagem”.
Aquela viagem foi feita e dois anos depois viajamos com o mesmo carro nas férias até Minas Gerais (foram duas semanas passando por seis estados), mas até então o projeto seguiu engavetado, esperando o “momento ideal”.
Em 2018, já estávamos com 30 anos e passamos a questionar os rumos profissionais. Foi quando decidimos desengavetar o sonho de viajar por aí. Como o Sandero não havia nos deixado na mão nessas viagens anteriores e era o carro que já tínhamos, decidimos ir com ele.
2 – Qual a principal vantagem de viajar de carro?
Viajar de carro traz a liberdade de poder fazer o próprio roteiro e respeitar o seu ritmo de viagem. Além de nos fazer conhecer muito mais os lugares ao planejar o roteiro.
3 – Quais as principais dificuldades nesse estilo de vida?
Por viajarmos em um carro pequeno e sem adaptação ( apenas baixávamos os bancos da frente ao máximo para dormir ), abrimos mão de vários confortos que tínhamos em casa.
Dormir tortos nos bancos do carro e ficar alguns dias sem banho para algumas pessoas pode ser um grande perrengue, para nós era o preço a pagar para poder conhecer os lugares mais icônicos da América do Sul.
Se pagássemos por hospedagem – mesmo que campings baratos – não teríamos como ficar tanto tempo na estrada.
4 – É caro ter esse estilo de vida? Como se mantiveram na estrada?
O custo de uma viagem neste estilo depende muito mais do viajante e do que ele está disposto a abrir mão.
Viajamos por 421 dias, passando por 10 países da América do Sul, usando o que economizamos ao longo de toda a nossa vida produtiva – cerca de uma década de trabalho assalariado.
Estipulamos uma meta de gasto diário e monitorávamos dia a dia o orçamento. Gastamos uma média de R$ 110/dia para nós dois e o carro – incluindo alimentação, gasolina, pedágio, seguros, manutenção e até a compra de roupas e a reposição de um celular furtado.
5 – Quais detalhes são importantes para quem está planejando fazer uma viagem que nem a de vocês?
Não entendemos nada de mecânica – sério, nem trocar pneu a gente sabia – então nossa maior preocupação foi fazer uma boa revisão no carro antes de sair e apostar em manutenções preventivas a cada 10 mil km.
6 – Planejou bastante tempo antes de ir morar em um Sandero ou foi algo que aconteceu naturalmente?
A ideia surgiu em 2015, mas só decidimos tirá-la do papel em meados de 2018 e partimos em fevereiro de 2019. Como estávamos trabalhando antes disso, não tivemos muito tempo de nos dedicarmos ao planejamento.
O que contou pontos ao nosso favor foi sempre termos sido bastante econômicos e ter o hábito de poupar o que ganhávamos, então quando decidimos viajar, fizemos a viagem caber dentro do que o bolso poderia suportar.
Deixamos para elaborar um roteiro uma semana antes da data da partida e não deu tempo de concluir. Mas de qualquer forma, em menos de um mês abandonamos o que havíamos programado e passamos a decidir no dia a dia o que fazer.
7 – Quais são os próximos passos na viagem?
Nossa ideia era viajar por dois anos – era o que o dinheiro que tínhamos alcançaria – mas por conta da pandemia voltamos para casa depois de 421 dias.
Agora estamos lançando um livro sobre a nossa jornada e torcendo para poder voltar à estrada o quanto antes.
O plano inicial é conhecer o que faltou no Brasil ( exploramos apenas cinco estados ) e no futuro, quem sabe, ampliar para outros continentes.
8 – Quais dicas vocês dariam para quem está planejando pegar estrada?
O primeiro passo é o desejo de realizar esse sonho e estar disposto a encarar os desafios que a estrada trouxer. Por mais prevenido que você for, sempre haverá imprevistos e situações que fogem do seu controle.
9 – Qual o trecho da viagem que vocês mais gostaram?
Tivemos uma série de momentos emblemáticos e é difícil escolher apenas um.
Muitas pessoas duvidaram da nossa viagem e de que o nosso carro – por ser 1.0 – aguentaria. Então, a cada novo marco superado, nosso ânimo se renovava: Ushuaia, Atacama, Uyuni, Machu Picchu…
Ter conseguido entrar na Venezuela e após isso retornar ao Brasil ( por Pacaraima, em Roraima ) também foi um momento marcante.
10 – Onde podemos acompanhar a viagem de vocês?
Quem quiser acompanhar mais sobre a nossa viagem, pode nos procurar no instagram.com/cronicasnabagagem e facebook.com/cronicasnabagagem.
Durante o período em que estivemos na estrada postamos textos diários sobre as nossas experiências e sentimentos.
Parte deles está no livro “Crônicas na Bagagem – 421 dias na estrada: uma jornada de desprendimento pela América do Sul”, que traz ainda relatos inéditos da aventura. A obra pode ser adquirida na Amazon.
Um forte abraço e não deixe de ler mais entrevista inspiradoras aqui no Blog